Dez sugestões para lidar com a frustração e o estresse de pacientes com demência
Pesquisa mostra que intervenções não farmacêuticas podem ser eficazes e reduzir custos Na coluna de terça, falei sobre o relacionamento com portadores de demência baseado na criatividade. Hoje, o assunto é o tratamento convencional para pacientes de Alzheimer e outras demências, fundamentalmente calcado em medicamentos. No entanto, há diversas formas de abordagem da doença, já bastante documentadas, que não envolvem remédios, que beneficiariam todos, inclusive familiares e cuidadores. Pesquisadores da Brown University utilizaram uma simulação para avaliar quatro dessas intervenções não farmacêuticas e descobriram que, comparadas com o protocolo tradicional, elas reduziam os custos em até US$ 13 mil (R$ 65 mil), diminuíam o número de admissões em instituições de longa permanência e aumentavam a qualidade de vida das pessoas.
Demência: há diversas formas de abordagem da doença, já bastante documentadas, que não envolvem remédios
Janakaskg para Pixabay
As intervenções não medicamentosas analisadas trabalham para maximizar a independência da pessoa em sua própria casa e oferecer aconselhamento e apoio aos cuidadores.
Para quem se interessar em se aprofundar, são elas: Maximizing Independence at Home, New York University Caregiver, Alzheimer’s and Dementia Care e Adult Day Service Plus. O estudo foi publicado no começo do mês na revista “Alzheimer´s & Dementia: The Journal of Alzheimer´s Association”. Idosos portadores de demência apresentam comportamentos agressivos com alguma frequência. Para quem convive com o doente, parece uma reação intempestiva, mas esse pode ser resultado de uma sucessão de frustrações, diante da dificuldade de realizar as atividades do dia a dia.
O que fazemos de forma automática não é tão simples num quadro de declínio cognitivo. Mesmo tarefas simples, como escovar os dentes, englobam inúmeras etapas e há o risco de se tornarem complexas.
Afinal, é preciso entrar no banheiro, achar a escova e a pasta, pôr a quantidade certa de dentifrício, escovar os dentes, cuspir, bochechar, cuspir novamente. A equipe do DailyCaring preparou uma lista com dez dicas para tornar a rotina o menos estressante possível.
Aceitar as limitações, evitando a expectativa de que o idoso realize atividades nas quais vêm demonstrando dificuldades crescentes para dar conta. O importante é fazer ajustes de acordo com os novos limites que vão surgindo.
Simplificar o escopo de decisões, para que não se tornem uma fonte de estresse. Na hora de escolher uma roupa, basta apresentar uma peça azul e outra verde, em vez de abrir o armário e oferecer um leque de escolhas. O mesmo vale para o cardápio: a pergunta “o que você quer comer?” é ampla demais e pode ser substituída por apenas duas opções.
Diminuir o ritmo para se adequar ao do indivíduo com demência, que precisa de mais tempo para processar as informações, responder ou fazer algo.
Manter o ambiente tranquilo, porque um lugar barulhento ou agitado torna difícil a concentração – serve para todos nós, mas especialmente para quem é portador da doença.
Criar uma rotina bastante previsível. Vale também para os objetos, que não devem ser deslocados para outros lugares: é reconfortante saber onde estão as coisas e o que está acontecendo.
Falar de forma pausada, com frases curtas e diretas, para facilitar o entendimento. No caso de instruções, uma etapa de cada vez.
Evitar um excesso de atividades e o cansaço, que provoca ainda mais pressão em alguém já fragilizado.
Reduzir ao máximo dor e desconforto, presentes em muitas condições crônicas de saúde. Pacientes com demência vão perdendo a capacidade de reconhecer o que está acontecendo com seus próprios corpos e têm problemas para comunicar o que estão sentindo.
Fazer com que tenham sucesso no dia a dia. Não se trata de deixar de fazer as coisas, o que só tornaria a situação ainda mais angustiante, e sim de adaptar as tarefas à capacidade de cada um. Alguns exemplos: trocar roupas com zíper e botões por peças com velcro, providência que vale para os sapatos, ou providenciar talheres adaptados.
Nunca faltar com o respeito, porque é o que gostaríamos que acontecesse conosco, independentemente de nossa idade e habilidades.