Índice de mortalidade é maior entre os homens no primeiro ano de viuvez Reuni duas pesquiss que jogam luz sobre o impacto que uma doença grave ou o falecimento de uma pessoa tem sobre o cônjuge, não só interferindo em seu equilíbrio mental, como também representando um risco de morte prematura. Estudo realizado com mais de 900 mil dinamarqueses acima dos 65 anos, entre 2011 e 2016, mostrou que 8,4% (cerca de 77 mil deles) enfrentaram a dor de perder marido ou mulher. Foi observado o aumento do risco de morte no primeiro ano de viuvez e os homens entre 65 e 69 anos eram os mais afetados. Em comparação com os valores de referência, o índice de mortalidade crescia 70% entre os homens dessa faixa etária cujas esposas morriam, mantendo-se elevado pelos seis anos seguintes. Entre as mulheres, o aumento da mortalidade ficava em 27%, equiparando-se à média um ano depois. O trabalho foi publicado ontem na revista científica PLoS One.
Doença e morte afetam saúde física e mental do cônjuge
Gerd Altmann para Pixabay
A morte do cônjuge é considerada por especialistas como um dos eventos de maior estresse que se pode experimentar, sendo capaz de comprometer o equilíbrio físico e mental. De um modo geral, as mulheres são mais conectadas socialmente do que os homens e tecem redes de proteção e apoio, o que pode explicar sua resiliência diante da dor.
Doenças graves também representam um pesado ônus para a saúde mental dos parceiros, provocando distúrbios psiquiátricos relevantes. Esse foi resultado de pesquisa realizada na Dinamarca e Suécia e publicada no começo do ano na revista científica JAMA Network Open. Foram avaliados cônjuges de 546 mil pacientes com câncer e outros 2.7 milhões que conviviam com pessoas saudáveis. Nesse universo de mais de 3 milhões de indivíduos, 6.9% de maridos e esposas de alguém acometido pela doença desenvolveram distúrbios psiquiátricos, enquanto o percentual ficou em 5.6% no segundo grupo.
O câncer envolve diversas etapas, todas carregadas de angústia: o momento do diagnóstico, o tratamento e seus efeitos adversos, despesas inesperadas e, eventualmente, a progressão da doença e um desfecho desfavorável. Há estudos que sugerem que os cônjuges podem apresentar mais sintomas de ansiedade e depressão que o próprio paciente, até porque, na maioria das vezes, se transformam nos principais cuidadores de seus entes queridos. E são de importância ímpar: há trabalhos que mostram que quem é casado tem uma taxa de sobrevivência maior do que os que vivem sós. Os resultados apontam para a necessidade de acolhimento e grupos de suporte nessa fase durante a qual nos encontramos tão vulneráveis.

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