“Exercitar-se é cura e ressignifica a velhice”, diz idealizadora do projeto A personal trainer Amanda Costa, que integrou a seleção brasileira de handebol nos anos de 1990, gosta de se apresentar como especialista em mudança de comportamento através da atividade física. Funciona muito bem para seus alunos, e milhares de seguidores nas redes sociais, mas especialmente para os idosos que participam do programa Envelhecer Sustentável, uma das frentes do Instituto Sempre Movimento, organização que criou em 2020, pouco antes da pandemia. “Foi na raça, volúpia minha”, brinca ao explicar que não esperou ter patrocínio para iniciar o projeto, e usa a própria trajetória como exemplo da força transformadora do esporte:
Amanda Costa, criadora do Instituto Sempre Movimento
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“Eu vim de uma comunidade carente, vivia num ambiente de grande vulnerabilidade social. Morava em Bangu, na Zona Oeste do Rio, ao lado do presídio. O esporte me salvou, agora quero devolver isso para a sociedade.”
Diante do cenário de isolamento obrigatório, os voluntários – que chama de “responsáveis”, tal o nível de comprometimento do time – distribuíram máscaras, álcool gel e fizeram a desinfecção de instituições de longa permanência, beneficiando 13 mil idosos. Foi ali que a ideia de criar um programa remoto de atividade física para os residentes desabrochou, e hoje em dia está aberto para pessoas de baixa renda acima dos 50 anos. A inscrição é feita pelo WhatsApp (11 94313-6516) e, de saída, serve para aumentar os conhecimentos digitais dos participantes, quando os instrutores ensinam aos alunos como assistir às aulas on-line. Atualmente há 65 inscritos, de diferentes regiões do país, como explica Amanda:
“Temos treino funcional e nos preocupamos em prevenir as quedas, mas também há alongamento, ioga, meditação e balé. Os professores são nomes de referências em suas áreas, não queremos dar migalhas. E os encontros ainda ajudam na socialização”.
Aula remota inclui ioga e balé para os 50 mais
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As aulas de balé são as mais recentes na grade e têm feito aflorar emoções. Conquistaram até os homens, embora alguns desliguem a câmera para não serem “flagrados” reproduzindo os movimentos da professora Andréa Duarte, que conta:
“Para quem dizia que seria difícil, sempre respondi que dá para fazer aula de balé na cadeira! Uma das alunas me disse que via a patroa levar as filhas para o balé, mas nunca imaginou que poderia fazer o mesmo. Muitas das mulheres já aparecem de batom, mais enfeitadas e cheias de vida. A magia aconteceu”.
Amanda criou uma parceria com o Laboratório de Fisiologia do Exercício e Envelhecimento e o Hospital Universitário da USP, para ter indicadores sobre a evolução dos participantes, e sonha em abrir um espaço para atendimento presencial numa unidade básica de saúde: “tenho inclusive um lugar em mira, a unidade Paulo VI, no Butantã, em São Paulo, que atende a 4.800 idosos. Exercitar-se é cura e ressignifica a velhice”.

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