Tulio Koneçny já criou 15 jogos com as mais diversas temáticas, como ficção científica, faroeste e extraterrestres. O matemático Tulio Koneçny desenvolve jogos para tornar aprendizado divertido
FGV/Divulgação
Fatoração, probabilidade, raciocínio lógico e outros conceitos matemáticos podem, de cara, assustar muitos estudantes. Mas um jovem do Espírito Santo está mostrando que é possível aprender essas matérias tanto na sala de aula quanto na sala de casa. Tulio Koneçny, de 23 anos, cria jogos de tabuleiro de temáticas diversas, como extraterrestres, poções mágicas e faroeste, com o objetivo de tornar a matemática mais empolgante.
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“Eu sempre gostei de jogos. Em certo momento, eu queria ter o controle criativo do que as pessoas estivessem jogando. Agora, alunos e professores me passam problemas que estão tendo em sala de aula e eu tento pensar em um jogo”, explicou Tulio.
Tulio Koneçny, 23 anos, cria jogos de tabuleiro para ensinar matemática de forma divertida
Divulgação/FGV
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Tulio é formado em Matemática Aplicada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro e cursa mestrado na Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp) desde março de 2024. No entanto, o desenvolvimento de jogos começou ainda quando o estudante estava no ensino médio e estudava no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
“Em 2019, o Ifes inaugurou um laboratório de Matemática, o LabMat.ca, e o professor responsável não queria que o uso fosse exclusivo dos alunos, mas que outras escolas pudessem ir. Quando começamos com um projeto de receber alunos de escolas públicas, percebemos que o conhecimento deles em relação à divisão estava bem defasado.
”No mesmo dia, a gente se reuniu para falar sobre soluções possíveis e eu propus para o professor a criação de um jogo que pudesse auxiliar neste ensino”, comentou.
Estudantes aprendem matemática jogando. Matemático Tulio Koneçny desenvolve jogos específicos para ajudar nesse processo.
Arquivo pessoal
Foram nove meses dedicados ao desenvolvimento do jogo, desde o design, a metodologia, a temática até o conceito. Em abril de 2020, o Resto Ataque nasceu.
“O jogo foi desenvolvido para atender à necessidade de proporcionar aos alunos um método de treinamento em divisão euclidiana. Também conta com momentos da partida onde o aluno pratica o raciocino lógico, tem o contato com grafos questionando opções de caminho e levanta questões probabilísticas”, diz a descrição do jogo.
15 jogos disponíveis gratuitamente
Capixaba Tulio Koneçny desevolveu 15 jogos para ajudar no processo de aprendizagem da matemática
FGV/Divulgação
De lá pra cá, Tulio foi selecionado pelo projeto ‘Seleção de Talentos’ do Centro para o Desenvolvimento da Matemática e Ciências (FGV CDMC), que identifica jovens talentos com histórico de medalhistas em olimpíadas nacionais em escolas públicas de todo o Brasil. A instituição, então, ofereceu a eles a possibilidade de fazer cursos de graduação e pós-graduação no Rio de Janeiro.
Já na graduação, o estudante desenvolveu outros 14 jogos com as mais variadas temáticas. A iniciativa se tornou tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do matemático, que lançou, inclusive, o site Matemática é para Todos, onde todos os jogos são disponibilizados gratuitamente com o intuito de aliar aprendizado com diversão.
Ao entrar na plataforma, o usuário se depara com vários tipos de jogos desenvolvidos pelo próprio Tulio. A jornada criativa começa com o aparecimento de um problema de Matemática, observado em sala de aula por um professor.
Professores durante o curso de formação ‘Matemática para Todos’, em Jaguaré, no Norte do Espírito Santo
Arquivo pessoal
Depois, vem a etapa de concepção do jogo e esboço das artes até os balanceamentos de mecânicas, culminando na versão teste. O modelo é aplicado a um grupo, que testa os jogos e ajudam o criador a lapidar o necessário por meio de comentários e dicas. A partir daí, Tulio também é o responsável pelos ajustes e a execução dos pormenores.
Quando pronto, o jogo é disponibilizado ao usuário para fazer o download, imprimir e sugerir as modificações que julgar necessárias.
“A ideia do site é deixar tudo totalmente aberto. Quem quiser baixar, pode jogar. Se quiser modificar, pode modificar. A ideia é criar esse ambiente para produzir mais jogos”, esclareceu o mestrando.
A preferência não foi por criar jogos virtuais. Para Tulio, o mundo dos games palpáveis, materiais, de tabuleiro e de cartas é uma excelente maneira de ensinar Matemática – e a ideia do projeto o acompanha desde a adolescência.
“Eu gosto mais de jogos físicos. Nunca fui muito do jogo digital. Sempre preferi que as pessoas ficassem ao redor da mesa, socializando. Então, prezamos muito por essa socialização nos jogos. A gente quer que os alunos peguem na carta e tenham essa experiência de jogar e aprender”, comentou.
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Formação de professores
Tulio Koneçny cria jogos para tornar o ensino da matemática mais leve e divertido
Arquivo pessoal
O projeto de Tulio já chegou na forma de cursos para centros de formação de professores do Espírito Santo e do Ceará.
No Ceará, a iniciativa é on-line de forma a reunir um maior contingente durante a apresentação. Já no Espírito Santo, o mestrando realiza a prática presencialmente de maneira a ‘trocar figurinhas’ com os professores das turmas.
“Tem sido uma experiência ótima. No online, eu consigo ter contato com mais pessoas. Em uma só formação, por exemplo, conseguimos reunir 90 pessoas. Já no presencial, tem a graça de eu explicar e os professores colocarem a ‘mão na massa’ e dar sugestões de como melhorar os jogos. Está sendo uma ótima troca, pois muitas pessoas entraram em contato e sugeriram a criação de novos jogos ou mudanças em alguns existentes”, completou.
Túlio Koneçny ofereceu curso de formação para professores de Jaguaré, no Norte do Espírito Santo. Estudante desenvolve e
Arquivo pessoal
O jovem espera que, no futuro, os board games tenham o mesmo reconhecimento cultural que os livros sempre tiveram no ambiente escolar.
“De todas as vezes que foram testados, os jogos foram bem recebidos pelos alunos. E a gente procura hoje colocar no site não somente jogos, mas listas temáticas de exercícios, materiais complementares, justamente para não ficar só na diversão, mas não esquecer da prioridade da matemática em si no problema. Que o aluno possa ter um momento na aula para jogar, se divertir e aprender”, concluiu.
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