‘Melhor escola do mundo’: colégio de SP disputa prêmio com representantes de Nova York e Buenos Aires; veja pontos fortes dos ‘adversários’
Escola americana oferece apoio a filhos de imigrantes, com direito a ‘transição bilíngue’ e atividades comunitárias. Já a representante argentina é focada na inclusão dos jovens no mercado de trabalho, com auxílios financeiros, aulas de capacitação e treinos para entrevistas de emprego. Escola Estadual Deputado Pedro Costa, na zona norte de São Paulo, é finalista de prêmio internacional
Divulgação/T4 Education
Apostando nas atividades de xadrez e de atletismo, um colégio estadual de São Paulo foi anunciado nesta quarta-feira (18) como um dos três finalistas do prêmio “Prêmio Melhores Escolas do Mundo 2024″ (World’s Best School Prizes, no nome original, em inglês), na categoria de colaboração comunitária. Será que temos chance?
Os “adversários” da Escola Estadual Deputado Pedro Costa, na zona norte da capital paulista, são:
Colégio María de Guadalupe, em Buenos Aires, na Argentina, que se destaca pelo ensino profissionalizante de alunos de baixa renda (e oferece até “bolsas de trabalho” após a conclusão no ensino médio);
Salomé Ureña Leadership Academy MS 322, em Nova York, nos EUA, reconhecido por auxiliar filhos de imigrantes na adaptação à língua inglesa e por integrar toda a comunidade nas atividades educativas (leia mais abaixo).
➡️O prêmio é da T4 Education, uma plataforma global que reúne uma comunidade de mais de 200 mil professores de mais de 100 países com o objetivo de transformar a educação no mundo.
➡️O vencedor de cada categoria (Colaboração Comunitária — pela qual o Brasil concorre —, Inovação, Superação de adversidades, Ação ambiental e Apoio a vidas saudáveis) ganhará um prêmio de 10 mil dólares (cerca de R$ 55 mil). O resultado sairá em 24 de outubro.
A seguir, veja mais detalhes do trabalho desenvolvido pelos finalistas. Afinal, competições à parte, instituições de ensino do mundo inteiro podem se espelhar nestes bons exemplos na educação.
🧑🏫Colégio María de Guadalupe, em Buenos Aires: ajudando alunos pobres a planejarem futuro e serem bons profissionais
Colégio María de Guadalupe, em Buenos Aires, na Argentina
Divulgação/T4
O Colégio María de Guadalupe tem 700 alunos, da educação infantil até o ensino médio, e localiza-se em Las Tunas, um bairro pobre do município de Tigre, em Buenos Aires. Mesmo com todas as adversidades — 62% das famílias dos estudantes vivem em moradias precárias—, o índice de evasão (ou seja, de desistência dos estudos) foi zerado na instituição de ensino.
📖Principal missão: capacitar profissionalmente estudantes em situação de vulnerabilidade econômica e formá-los com habilidade de pensar criticamente, resolver problemas, ter empatia e ser bons ‘cidadãos digitais’.
📖Estratégias: Combinar o aprendizado acadêmico com o desenvolvimento profissional, de forma que os alunos consigam futuramente boas colocações no mercado de trabalho e tragam avanços para a comunidade.
“A partir do 5º e do 6º ano, os jovens começam a participar de mentorias: recebem apoio de profissionais, de personalidades [conhecidas] e de voluntários para criar o futuro que desejam”, conta ao g1 Mercedes Henderson, coordenadora-geral de desenvolvimento institucional.
A escola oferece também o Programa de Inclusão Laboral, no qual alunos que acabaram de se formar participam de atividades como: aulas de informática voltadas para empregabilidade, elaboração de projetos pessoais, desenvolvimento de linguagem corporal, cursos de liderança e de comunicação assertiva, educação financeira e treinamento para formular currículos e fazer entrevistas.
Catalina Ferreccio, líder do programa, conta o caso de Débora, uma aluna que tinha problemas de comportamento e que, aos poucos, aprendeu na escola a controlar suas ações, a se relacionar melhor com a família e a ser menos impulsiva.
“A Débora participou das mentorias e do nosso processo de orientação vocacional. Com um acompanhamento mais individual, conseguiu uma bolsa na Universidade de San Isidro, onde está estudando licenciatura em administração e negócios”, diz Ferreccio.
📖Outros diferenciais:
A escola propicia espaços de apoio temáticos e personalizados para a aprendizagem de matemática e de linguagens.
Há oficinas de jardinagem, esportes e robótica para as crianças.
Os alunos participam de eventos que fortalecem os laços com a comunidade, como semana das artes, feira do livro e feira de ciências.
As famílias são sempre amparadas e convidadas a participar de encontros e reflexões. Segundo o colégio, 62% dos pais vivem em moradias precárias.
No ensino médio, os jovens podem optar por dois itinerários formativos, entre as seguintes opções: programação digital, produção de audiovisual, administração e meio ambiente.
As aulas costumam ser baseadas em projetos interdisciplinares.
Por meio de uma parceria com empresas, esses egressos podem receber “bolsas-trabalho” – com auxílio financeiro e acompanhamento personalizado durante 1 ano, profissionais da escola ajudam os jovens a se adaptarem ao mercado.
🌏Salomé Ureña Leadership Academy MS 322, em Nova York: transformando a vida de filhos de imigrantes
Salomé Ureña Leadership Academy MS 322, em Nova York, desenvolve atividades de apoio emocional. No cartaz, alunos responderam a perguntas sobre os próprios sentimentos
Reprodução/Instagram
A escola Salomé Ureña Leadership Academy MS 322 recebe principalmente alunos imigrantes, de famílias provenientes da República Dominicana. Durante as aulas, as crianças e os jovens recebem um atendimento bilíngue, para adaptação ao “novo país”.
A principal filosofia da instituição é formar comunidades de aprendizagem – ou seja, ensinar conteúdos que envolvam não só os estudantes, mas também os professores, os pais e a vizinhança. O que acontece no colégio deve estar sempre integrado ao entorno: todos aprendem e todos ensinam.
📖Principal missão: transformar a vida dos alunos principalmente de filhos de imigrantes, por meio de um atendimento que concilie educação, saúde e suporte emocional. O foco é formar cidadãos que saibam defender a justiça e a igualdade no seu entorno.
“Juntos, somos melhores, unidos, somos fortes”, afirma o lema da instituição.
📖Estratégias: Incluir os educadores no processo de desenvolvimento emocional e cognitivo dos alunos, de forma que os auxiliem a pensar criticamente, a colaborar com os colegas e a participar ativamente da comunidade.
📖Diferenciais:
Há, por exemplo, noites de jogos com as famílias, campeonatos esportivos, excursões e festas coletivas.
A instituição de ensino desenvolve um trabalho focado na alfabetização, para que os alunos tenham uma base sólida em leitura, escrita, compreensão auditiva e oralidade.
Por meio de um programa de reforço, aqueles que demonstram dificuldades na língua inglesa recebem uma atenção especial para progredirem. As crianças (principalmente de famílias de imigrantes que falam espanhol) passam por um processo de “transição bilíngue”.
Existe também uma priorização às disciplinas de ciências e de tecnologia da educação, para que os alunos saibam se portar nos ambientes virtuais e consigam se desenvolver em suas futuras carreiras. Nas aulas de robótica, crianças aprendem noções básicas de programação, enquanto trabalham em grupos.
Uma equipe de estudos sociais dedica-se a fazer com que os jovens estejam informados e saibam viver em uma sociedade diversa.
As atividades de arte são estimuladas para que os alunos aprendam a se expressar e desenvolvam a criatividade. Um aluno do 8º ano, Ariel Hernandez, foi selecionado em um festival de Manhattan para expor seu trabalho no Museu de Arte Moderna de Nova York (Moma).
Alunos da Salomé Ureña Leadership Academy participam de atividades de leitura
Reprodução/Instagram
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Escola estadual de SP concorre a prêmio de “Melhor Escola do Mundo”