Trechos do relatório da Polícia Federal (PF) para o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas por tentativa de golpe de Estado chamam a atenção pelas menções dos investigados à ditadura militar no Brasil.

No documento, que teve o sigilo retirado nesta terça-feira (26) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, aliados de Jair Bolsonaro reclamam da espera por um decreto do ex-presidente para iniciar o golpe:

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Bolsonaro atuou de forma “direta e efetiva” para tentar golpe, diz PF.Braga Netto teve participação concreta em atos golpistas, diz PF .Investigados por golpe obtiveram informações da delação de Mauro Cid.“64 não precisou de ninguém assinar nada…”, diz  Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para o tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros.

O decreto chegou a ser preparado, mas o golpe não ocorreu principalmente pela falta de apoio do Alto Comando do Exército, segundo a PF.

No diálogo entre os dois, Cavaliere reclama da não efetivação do golpe.

“Fomos covardes, na minha opinião”. Mauro Cid concorda e acrescenta: “Fomos todos. Do PR e os Cmt F”, abreviações que, conforme a PF, se referem ao então presidente da República, Jair Bolsonaro, e aos Comandantes das Forças Armadas. Cavaliere replica: “PR também”, “estamos f…”.

É nesse contexto, que Cid relembra o golpe militar do passado.

“O problema é que muita gente garganta demais…”; “64 não precisou de ninguém assinar nada…”, disse.

Cavaliere discorda sobre a comparação e diz que era preciso alguém tomar a iniciativa do golpe naquele momento. “64 estavam na mesma embromação; até que 1, apenas 1, surtou e votou a tropa na estrada; daí o efeito cascata; o primeiro que colocar os cães na rua leva o resto; a revolta está imensa”, afirmou na troca de mensagens.

No total, 37 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal por golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

De acordo com relatório da investigação, o grupo criminoso atuou para desacreditar o processo eleitoral. E chegou a planejar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Os indiciados se organizaram em seis núcleos para colocar em prática as ações para desestabilizar a democracia brasileira.

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